Resumo
- Taxas do Tesouro IPCA+ voltam a superar 8% ao ano em outubro de 2025, segundo dados do Tesouro Direto.
- Papéis de longo prazo, como o IPCA+ 2055, registraram leve queda nas taxas após aumento da demanda.
- Cenário combina Selic elevada, inflação controlada e ajustes graduais na curva de rendimentos.
O mercado de títulos públicos encerrou a semana com novas oscilações nas taxas oferecidas pelo Tesouro Direto. O título IPCA+ 2029 foi cotado com rendimento próximo de inflação + 8,09% ao ano — o maior juro real de 2025 até o momento, segundo atualização do Tesouro Nacional. O movimento reflete um ambiente de juros altos, inflação controlada e expectativa de cortes graduais na Taxa Selic.
Nos prazos mais longos, como o Tesouro IPCA+ 2055, as taxas ficaram ligeiramente abaixo do pico anterior, em torno de IPCA + 6,9% ao ano. A redução indica aumento de demanda, já que mais investidores passaram a buscar títulos com prazos extensos e rendimentos reais elevados.
Fatores que influenciam as taxas
As variações nas taxas dos títulos públicos decorrem principalmente de fatores econômicos internos e externos. No Brasil, a Taxa Selic permanece em 15% ao ano, de acordo com o Banco Central do Brasil. Já o IPCA-15 de outubro apontou deflação de -0,18% na comparação mensal, segundo o IBGE, reforçando o cenário de inflação estável.
No exterior, as decisões do Federal Reserve sobre juros e a expectativa de desaceleração global continuam impactando os rendimentos dos papéis brasileiros. Quando aumenta a aversão ao risco internacional, o juro real pago pelo Tesouro tende a subir, refletindo o prêmio exigido pelos investidores para financiar a dívida pública.
Como funcionam os títulos públicos
Os títulos públicos são instrumentos de captação de recursos do governo federal. Ao adquiri-los, o cidadão empresta dinheiro ao governo em troca de uma remuneração definida, que pode ser fixa, variável ou atrelada à inflação. Esses recursos são utilizados para financiar políticas públicas, investimentos em infraestrutura, saúde, educação e outras despesas do Estado.
Segundo informações do Tesouro Direto, existem três principais modalidades de títulos disponíveis ao investidor:
- Pré-fixados: possuem taxa de retorno definida no momento da compra. O investidor sabe exatamente quanto receberá no vencimento. Em fases de alta dos juros, esses papéis podem se desvalorizar no curto prazo, pois novas emissões passam a pagar mais.
- Pós-fixados: seguem a variação da Taxa Selic. Quando o Banco Central eleva a Selic, a rentabilidade sobe; quando reduz, os ganhos diminuem. São títulos de menor volatilidade e prazos curtos.
- Indexados à inflação (Tesouro IPCA+): pagam a variação do IPCA somada a uma taxa de juro real fixa. Essa combinação protege o poder de compra no longo prazo e reflete a confiança de longo prazo no controle da inflação.
Essas modalidades podem ser acessadas por qualquer pessoa física diretamente no site do Tesouro Direto, a partir de R$ 30, e negociadas de forma segura em plataforma administrada pela B3 sob supervisão do Tesouro Nacional.
Cenário atual e expectativas
Boletins recentes do Tesouro Nacional indicam aumento do interesse pelos papéis de longo prazo, movimento que ajuda o governo a alongar o perfil da dívida e reduzir riscos de refinanciamento. Especialistas ouvidos em relatórios públicos apontam que, mesmo com inflação controlada, os juros reais continuam elevados, sustentando a atratividade da renda fixa.
A curva de rendimentos mostra leve distensão nas pontas mais longas, enquanto os prazos intermediários tendem à estabilidade. Esse comportamento sugere que o mercado ainda exige prêmios mais altos para compromissos de longo prazo, diante da incerteza sobre o ritmo da política monetária.
- Tesouro IPCA+ 2029: juro real em torno de 8,09% ao ano.
- Tesouro IPCA+ 2055: taxa próxima de 6,9% ao ano.
- Tesouro Selic 2027: remuneração nominal em torno de 10% ao ano.
Com Selic alta e inflação moderada, a renda fixa segue como um dos termômetros da confiança econômica. O comportamento das taxas do Tesouro Direto fornece sinais sobre a percepção de risco e as expectativas de crescimento para os próximos meses.
Os dados refletem o cenário econômico vigente na data da publicação.






